terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Bom ano de 2014!

John Atkinson Grimshaw, Stapleton Park near Pontefract Sun, óleo, 1877
(clique na imagem para ampliar)




Wishlist

Pearl Jam

I wish I was a neutron bomb
For once I could go off
I wish I was a sacrifice
But somehow still lived on
I wish I was a sentimental
Ornament you hung on
The Christmas tree, I wish I was
The star that went on top
I wish I was the evidence
I wish I was the grounds
For fifty million hands up raised
And opened toward the sky
I wish I was a sailor with
Someone who waited for me
I wish I was as fortunate
As fortunate as me
I wish I was a messenger
And all the news was good
I wish I was the full moon shining
Off a camaro's hood
I wish I was an alien
At home behind the sun
I wish I was the souvenir
You kept your house key on
I wish I was the pedal break
That you depended on
I wish I was the verb to trust
And never let you down
I wish I was the radio song
The one that you turned up
I wish, I wish, I wish, I wish
I guess it never stops

Presentes.


sábado, 21 de dezembro de 2013

Boas festas (you must be a christmas tree).



Ceci n'est pas une peinture de Magritte.

Boas festas.


A lição do dia segundo Woody Allen



Do que você precisa, acima de tudo, é de se não lembrar do que eu lhe disse; nunca pense por mim, pense sempre por você; fique certo de que valem mais todos os erros se forem cometidos segundo o que pensou e decidiu do que todos os acertos, se eles forem meus, não seus. Os meus conselhos devem servir para que você se lhes oponha. É possível que depois da oposição venha a pensar o mesmo que eu; mas nessa altura já o pensamento lhe pertence. São meus discípulos, se alguns tenho, os que estão contra mim; porque esses guardaram no fundo da alma a força que verdadeiramente me anima e que mais desejaria transmitir-lhes: a de se não conformarem. Feche, pois, os ouvidos ao que lhe ensino, se alguma coisa lhe ensino; faça a viagem por sua conta e risco, você mesmo ao leme.

Agostinho da Silva, in Sete Cartas A Um Jovem Filósofo

terça-feira, 17 de dezembro de 2013

do perfeito que tudo isto é

Guarda

saudades. do frio. do madeirão. do porto nos balcões. da neve. do cheiro das lareiras de azinho. da acert à noite. da deliciosa confusão de natal. do arroz doce da avó felicidade. do bolo rei da joaninha. da noite dos whiskys com 3 pedras de gelo. dos bares da zona da sé em viseu. das conversas sobre música e arte. das respostas perfeitas de que não nos lembramos ao outro dia. 

do perfeito que tudo isto é. e insubstituível, também.



quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Road to nowhere?

Roubado de uma parede na baixa de Coimbra


Roubado das minhas memórias musicais


Road to nowhere?

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

O problema do livre arbítrio (capítulo 3): Se podíamos viver sem livre arbítrio? Podíamos, mas não era a mesma coisa...



CAPÍTULO 3

Se podíamos viver sem livre arbítrio? Podíamos, mas não era a mesma coisa...

(Libertismo: tese, argumentos e principais objeções)


            Situação 1. Imagina que chegas à livraria para comprar um manual de filosofia e descobres que o livro está rigorosamente em branco. Folheias folha após folha e não há uma única palavra escrita. Estranho, não é verdade? Decerto voltarias à livraria para devolver o manual, alegando que tinha havido um erro de impressão. Entregavam-te outro, ficava o caso resolvido e voltavas para casa. Tudo normal, portanto.


            Situação 2. Imagina que voltas um dia mais tarde à livraria para comprares um daqueles cadernos para servir de diário. Chegas a casa e descobres que o caderno já está completamente escrito. Folheias folha após folha e não há uma única página em branco. Estranho, não é verdade? Decerto voltarias à livraria para devolver o caderno, alegando que já estava usado. Entregavam-te outro, ficava o caso resolvido e voltavas para casa. Tudo normal, portanto.
            Tudo normal? Normal por quê? Vamos falar disso.
É suposto um manual escolar já estar escrito, certo? Ele existe para ajudar os alunos a aprender e os professores a ensinar. Já o caso do diário é diferente. Um diário tem de estar em branco porque é suposto ir sendo preenchido à medida que o seu autor vai vivendo o dia a dia. E as folhas têm necessariamente de estar em branco porque, em rigor, ninguém sabe o que escrever no diário antes de ter vivido. Pode até dizer-se que cada dia da nossa vida é como se fosse uma página do nosso diário de vida.


Vais ter oportunidade de discutir esta ideia mais à frente, num diálogo que escrevi sobre este problema do livre arbítrio. Que diálogo é esse? - perguntas tu. Trata-se de uma entrevista imaginária a Jean-Paul Sartre, um célebre filósofo francês do séc. XX. Nela, a jovem estudante de Filosofia que faz de entrevistadora afirma a dada altura:

“A nossa vida é um livro em branco que nós próprios vamos escrevendo e de que somos os únicos autores”.

            Nesta frase está presente uma teoria filosófica muito interessante sobre o problema do livre arbítrio. É habitualmente designada por libertismo. Vou apresentar-te agora as ideias principais desta teoria. Se me quiseres ouvir (se quiseres, sim, porque os libertistas acham que és tu quem decide se ficas ou não aqui a ouvir-me...). Se ficares, explicar-te-ei a tese do libertismo e os argumentos principais que a sustentam.
            Lembras-te decerto do determinismo radical, a teoria de que falámos no capítulo anterior. Os deterministas radicais defendem que tudo o que acontece no universo é determinado por leis físicas, incluindo aqui as ações humanas. Por isso concluem que tudo é determinado e que não existe livre arbítrio. Pois bem, o libertismo defende que apenas o universo físico é determinista. A vontade e a consciência humanas não são determinadas pelas leis físicas do universo. Jean-Paul Sartre expressa essa ideia assim:

Não há determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Estamos sós e sem desculpas. É o que traduzirei dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si próprio; e no entanto livre, porque uma vez lançado no mundo, é responsável por tudo quanto fizer.

Jean-Paul Sartre, in O Existencialismo é um Humanismo

            Como podes verificar, o libertismo é também uma teoria incompatibilista, mas num sentido oposto ao do determinismo radical. Ambos defendem que a existência em simultâneo de determinismo e livre arbítrio são incompatíveis. A diferença está em que o libertismo, aqui exemplificado por Sartre, considera que existe livre arbítrio e, portanto, não existe determinismo. Vamos agora ver por quê.

Jean-Paul Sartre e Simone de Beauvoir
            São dois os argumentos principais do libertismo. O primeiro apela a uma experiência intuitiva que todos nós temos: a experiência de termos de escolher. Em termos mais rigorosamente filosóficos, este argumento é habitualmente designado por argumento da experiência imediata da vontade. Isto quer dizer que todos nós temos a experiência de sermos confrontados com várias hipóteses e que, em função da nossa vontade, escolhemos livremente. Quando decidimos fazer a acção X e não Y, vivemos uma experiência de escolha. Esta experiência de escolha é algo que acontece de facto, não é um sonho ou uma ilusão. Ora, livre arbítrio é ter possibilidade de escolha, certo? Logo, existe livre arbítrio.
O segundo argumento que escolhi para te apresentar aqui pode ser encontrado no diálogo imaginário com Sartre. Designa-se habitualmente por argumento da criação artística, uma vez que faz uma analogia entre a liberdade do artista ao criar a sua obra de arte e a liberdade do ser humano ao decidir o que fazer da sua vida. Comecemos por aqui: aceitamos pacificamente que o artista é livre de criar o que quiser. Um exemplo: perante a tela em branco, é o pintor quem decide livremente o que pintar - seres ou objectos reais (pintura figurativa) ou formas abstractas, utilizar cores quentes ou frias, etc.. Portanto, as escolhas do artista são incondicionadas e são fruto da sua própria vontade. O mesmo acontece com a vida dos seres humanos. De onde se conclui que a vontade humana é livre. Mas será esta uma boa teoria?
O seu ponto forte parece ser o facto de todos nós estarmos familiarizados com a ideia de «escolha». A sociedade (através de normas como «recompensa», «castigo», «responsabilidade civil») e a própria linguagem pressupõem-no. Neste sentido, o libertismo é consistente com a crença de que somos livres e realizamos acções pelas quais somos responsáveis.
No entanto, como sempre acontece na filosofia, também há objeções que se podem colocar a esta teoria. Vou apresentar-te duas dessas objeções.
Mente e cérebro serão a mesma coisa? Segundo o libertismo, existe uma diferença fundamental entre o cérebro e a mente: o cérebro (entidade física), obedece às leis deterministas do mundo físico, enquanto que a mente não é determinada causalmente. Ou seja: defende que uma coisa não física (a mente) interfere com os fenómenos do mundo físico (as acções). E daí, qual é o problema? – ouço-te a perguntar. Repara bem: ao atribuir-se um estatuto especial à mente humana (o lugar onde a vontade livre toma as decisões), ela surge como uma espécie de «fantasma». Tal como os fantasmas, seres não físicos e não palpáveis, de quem se diz que podem abrir portas e arrastar correntes, também a mente (não física) conseguiria interferir no mundo físico sem, no entanto, ter uma estrutura física. Estranho, no mínimo. Tanto ou mais estranho que a própria ideia de fantasmas...


Finalmente, parece que o estatuto especial que o libertismo atribui aos seres humanos (os únicos a disporem de livre arbítrio, ao contrário de todos os outros seres existentes no universo) conduz inevitavelmente a esta pergunta: por quê um poder especial para os seres racionais? O que existe de tão especial na racionalidade que justifique estar acima das leis da natureza? Tal como José Mourinho no futebol, será o ser humano o special one da natureza?


Para finalizar, convido-te a ler a entrevista imaginária a Jean-Paul Sartre aqui.

Diverte-te!

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Nelson Mandela, um herói a sério.


“Education is the most powerful weapon which you can use to change the world.”

“It always seems impossible until it's done.”

“Do not judge me by my successes, judge me by how many times I fell down and got back up again.”

“I am the captain of my soul.”

Nelson Mandela
(18/07/1018 – 5/12/2013)