quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

"A Corda", de Alfred Hitchcock: como explorar o filme nas aulas de filosofia


A — FICHA TÉCNICA

A Corda 

Título original: Rope

Nacionalidade: EUA (1948)

Realizador: Alfred Hitchcock

Produtores: Alfred Hitchcock/Transatlantic Pictures

Argumento: Arthur Laurents
(a partir da adaptação da peça de teatro Rope´s End, de Patrick Hamilton)

Duração: 77 minutos

Actores e Actrizes:

James Stewart (Rupert Cadell)

John Dall (Brandon Shaw)

Farley Granger (Phillip Morgan)

Cedric Hardwicke (Mr. Kentley)

Constance Collier (Mrs. Atwater)

Joan Chandler (Janet Walker)

Douglas Dick (Kenneth Lawrence)


CURIOSIDADES ACERCA DO FILME:

Como é sabido, Hitchcock faz uma pequena aparição em todos os seus filmes. Neste, aparece logo no início ao atravessar a rua; pode ser visto, também, no néon que reflecte na janela do apartamento dos dois assassinos. 

A Corda foi o primeiro filme a cores de Hitchcock. O filme foi todo realizado em filmagens contínuas de quatro a dez minutos, teve apenas oito cortes e foi editado de tal forma que se tem a impressão que não houve cortes durante as filmagens.

O argumento foi inspirado no caso Leopold-Loeb, dois estudantes da Universidade de Chicago que assassinaram um rapaz de 14 anos de idade apenas pela emoção de matar alguém.

O filme foi rodado em apenas 20 dias num estúdio à prova de som da Warner Brothers. O cenário de fundo foi feito com nuvens de fibra de vidro e miniaturas do perfil de Nova Iorque, iluminado por 2000 luzes incandescentes e 200 letreiros luminosos. À medida que a acção se desenrola, as nuvens movem-se, o sol põe-se e as luzes acendem-se na cidade.

A Corda esteve inacessível ao público por muitos anos, pois Hitchcock havia recomprado os seus direitos, juntamente com os direitos de Janela indiscreta, O homem que sabia demais, Um corpo que cai e O terceiro tiro, para deixá-los de herança à sua filha. Esses cinco filmes ficaram conhecidos como «os cinco filmes perdidos de Hitchcock» e só foram relançados em 1984, cerca de quarenta anos após o seu primeiro lançamento. 

C — ABORDAGEM FILOSÓFICA DO FILME

PROBLEMA: HÁ VERDADES UNIVERSAIS EM ÉTICA?

Ao responderes às perguntas que se seguem sobre o conteúdo filosófico do filme, deves ter sempre presente as teorias que foram apresentadas na aula acerca deste problema filosófico. Ei-las:

A- SUBJECTIVISMO MORAL:
Os juízos morais dependem da perspectiva de cada sujeito — são subjectivos. Em Ética não há verdades universais, cada pessoa tem a sua «verdade».

B- RELATIVISMO MORAL:
Os juízos morais dependem da sociedade em que são proferidos — são relativos. Em Ética não há verdades universais, cada sociedade tem a sua «verdade».

C- OBJECTIVISMO MORAL (perspectiva naturalista):
As noções morais de certo e errado, bem e mal são idênticas para todas as pessoas — são objectivas. Em Ética há verdades universais. Sabemos o que é o bem e o mal «ouvindo» a nossa consciência. Há um sentido moral inato que faz parte da natureza humana.

D- OBJECTIVISMO MORAL (Teoria dos mandamentos divinos):
As noções morais de certo e errado, bem e mal são idênticas para todas as pessoas — são objectivas. Em Ética há verdades universais. Foi Deus quem decidiu o que é o bem e o mal. Os mandamentos divinos são válidos para todas as pessoas.


Ao longo do filme, Brandon expõe por várias vezes a sua convicção segundo a qual não é errado matar pessoas apenas para saber qual será a sensação. Eis alguns exemplos:

Nós matámos pela sensação de perigo e pela sensação de matar.

Ninguém comete um homicídio apenas pela sensação de o cometer. Ninguém, excepto nós.

As noções de bem e mal, certo e errado foram inventadas para os seres inferiores porque eles necessitam delas.

Matar também pode ser uma arte. O poder de matar pode dar tanta satisfação como o poder de criar.

  • Em qual das teorias referidas se enquadram melhor as convicções de Brandon? Porquê?

AS TEORIAS POSTAS À PROVA: exemplos de perguntas

SUBJECTIVISMO MORAL
  • Imagina que todas as personagens do filme são defensoras do subjectivismo moral e descobrem que Brandon e Phillip assassinaram David. Faria sentido que os criticassem por terem agido mal? Porquê? 
  • Rupert Cadell foi professor de Filosofia de Brandon, Phillip e Kenneth. Achas que faria sentido a existência da disciplina de Filosofia numa sociedade organizada de acordo com o subjectivismo moral? Porquê?
RELATIVISMO MORAL
  • Imagina agora que todas as personagens do filme são defensoras do relativismo moral e descobrem que Brandon e Phillip assassinaram David. Faria sentido que os criticassem por terem agido mal? Porquê?
  • Se, por hipótese, o assassínio de David ocorresse numa sociedade onde tal prática fosse considerada normal, que posição deveria assumir o pai de David se fosse defensor do relativismo moral: revolta ou conformismo? Porquê? 
OBJECTIVISMO MORAL
  • Infelizmente, crimes como o cometido por Brandon e Phillip verificam-se com alguma frequência. Considerarias estes casos como contra-exemplos à perspectiva naturalista do objectivismo moral? Porquê?
  • «Pensavas que eras Deus?», pergunta no final o professor a Brandon, escandalizado com o crime que acabara de descobrir. Agora pergunto eu: e se fosse mesmo? Sim, estás a ler bem: e se Brandon fosse, afinal, Deus? Que diria agora o professor, se fosse defensor da teoria dos mandamentos divinos: continuaria a considerar o acto de Brandon moralmente errado? Porquê?


    Para finalizar, eis a cena de abertura do filme:

sábado, 8 de janeiro de 2011

"Todas as Manhãs do Mundo": um elogio belíssimo à Música



"Todas as Manhãs do Mundo" (Tous Les Matins du Monde, 1991), de Alain Corneau, é um dos meus filmes preferidos sobre uma das coisas que mais aprecio na vida: a Música. A banda sonora, interpretada por Jordi Savall, é de uma beleza arrebatadora. Perfeita para ouvir no mp3 nas caminhadas na praia, de preferência com vento e cachecol. 
Aqui fica o trailer:

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

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terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Dersu Uzala, de Akira Kurosawa: uma sábia relação do Homem com a Natureza

O realizador Akira Kurosawa

Foi um dos filmes que os meus filhos me ofereceram no Natal. É, talvez, um dos melhores filmes que já se fizeram sobre a relação Homem/Natureza. Absolutamente imperdível. Aqui vos deixo um excerto caçado na net.