segunda-feira, 21 de março de 2011

Dia Mundial da Poesia



Hoje é o Dia Mundial da Poesia. Para vós, um abraço em forma de poema:


O Poema


Um poema cresce inseguramente
na confusão da carne.
sobe ainda sem palavras, só ferocidade e gosto,
talvez como sangue
ou sombra de sangue pelos canais do ser.

Fora existe o mundo. Fora, a esplêndida violência
Ou os bagos de uva de onde nascem
As raízes minúsculas do sol.
Fora, os corpos genuínos e inalteráveis
do nosso amor,
rios, a grande paz exterior das coisas,
folhas dormindo o silêncio
- a hora teatral da posse.

E o poema cresce tomando tudo em seu regaço.

E já nenhum poder destrói o poema.
Insustentável, único,
invade as casas deitadas nas noites
e as luzes e as trevas em volta da mesa
e a força sustida das coisas
e a redonda e livre harmonia do mundo.
- Em baixo o instrumento perplexo ignora
a espinha do mistério.

- E o poema faz-se contra a carne e o tempo.

Herberto Helder

quarta-feira, 16 de março de 2011

XII Conferência de filosofia da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes

 

A filosofia da música em debate em Portimão. E vamos já em doze edições de uma conferência que se afirmou como uma referência na região. Uma excelente oportunidade para os professores de filosofia se actualizarem cientificamente e partilharem leituras e experiências. O grupo de filosofia da Teixeira Gomes está de parabéns. 

Enaltecido deve também ser o apoio que o Grupo Pestana tem dado a esta iniciativa, através da oferta da estadia ao conferencista, que vai ficar hospedado no hotel Pestana Dom João II. Um local excelente para a reflexão filosófica, de facto, como poderá constatar clicando aqui.

quinta-feira, 10 de março de 2011

Teste intermédio de filosofia: a hora do balanço crítico



Quem o fez, quem o resolve e quem o corrige


O teste intermédio de filosofia visto de três perspectivas
Carlos Café
Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes


Dia 7 de Março de 2011 foi a data limite para as escolas enviarem para o Gabinete de Avaliação do Ensino Secundário do Ministério da Educação os resultados e a apreciação crítica do teste intermédio de filosofia. Os professores tiveram a oportunidade de comparar os resultados dos seus alunos e avaliar o teste por eles realizado em condições invulgares: o mesmo teste, à mesma hora, em todo o país. Estranhamente, dois terços das escolas decidiram ficar de fora deste processo. Pessoalmente, tenho dificuldade em encontrar um argumento pedagogicamente relevante para sustentar esta decisão, até porque cabia aos grupos disciplinares de cada escola atribuir o peso que o teste teria para os alunos, além de que a não cotação de conteúdos não leccionados estava à partida assegurada. Seja como for, quem decidiu realizar o teste intermédio proporcionou aos seus alunos uma experiência que decerto lhes será útil. E reflectiu em grupo sobre as aprendizagens, os resultados e a qualidade do próprio teste. Penso que esta reflexão deve continuar a ser feita, agora num âmbito mais alargado e público. Este artigo é um contributo para isso.

Começa assim o artigo que escrevi para a Crítica sobre o assunto. Que pode ser lido aqui.