domingo, 27 de outubro de 2013

Ao Homem verdadeiro e primitivo, que via o sol nascer e ainda o não adorava



Bendito seja o mesmo sol de outras terras
Que faz meus irmãos todos os homens
 Porque todos os homens, um momento do dia, o olham como eu,
 E nesse puro momento
 Todo limpo e sensível
 Regressam imperfeitamente
 E com um suspiro que mal sentem
 Ao Homem verdadeiro e primitivo
 Que via o sol nascer e ainda o não adorava.
 Porque isso é natural — mais natural
 Que adorar o sol e depois Deus
 E depois tudo o mais que não há.
          
CAEIRO, Alberto, O Guardador de Rebanhos, XXXVIII


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