sábado, 4 de fevereiro de 2012

3 sugestões a propósito do tema dos direitos dos animais: um livro, um texto e uma música

Sugestão 1: o livro


FERRY, Luc, GERMÉ, Claudine, Des Animaux et des Hommes, Paris, Librairie Génerale Française, 1994

Os autores convidam-nos a revisitar textos do pensamento ocidental, do séc. XV ao séc. XX, reunidos numa extensa e diversificada antologia sobre o tema do estatuto moral e jurídico dos animais. Os excertos disponibilizados, em número superior a cento e cinquenta, foram recolhidos das obras de Descartes, Hobbes, Espinosa, Locke, Kant, Rousseau, Bentham, Schopenhauer, Mill e Nietzsche, mas também de Victor Hugo e Claude Bernard, entre outros, entre mais de duzentos autores das áreas da filosofia, literatura ou ciência. O livro inclui, ainda, legislação sobre o estatuto dos animais e a sua proteção jurídica em vários países (França, Grã-Bretanha, Alemanha, EUA, Espanha e Portugal, por exemplo), a legislação nazi sobre proteção animal e caça e, também, a declaração universal dos direitos dos animais de 1978.
Trata-se de um livro muito útil e interessante para quem pretender conhecer e comparar diferentes pontos de vista sobre o tema de um ponto de vista histórico. Não há tradução portuguesa.

Sugestão 2: o texto

Um dos primeiros textos filosóficos que li, apaixonadamente, ainda adolescente. E um dos que me fizeram descobrir que queria estudar filosofia.

“Observe-se um rebanho que pasta; ignora o que foi ontem e o que é hoje. Volteia, retouça, repousa, rumina, agita-se de manhã à noite, dia após dia, ligado ao seu prazer e à sua dor, ao impulso do instante, sem melancolia nem saciedade. É duro para o homem ver isso, porque se orgulha da sua humanidade quando se compara com o animal, cuja felicidade entretanto inveja. Efectivamente, ele deseja viver como o animal, sem saciedade nem dor, mas, ao querê-lo, não quer como o animal. ‘Porque é que não me falas da tua felicidade? Porque é que te limitas a olhar-me?’. O animal gostaria de responder: ‘É que eu esqueço exactamente aquilo que queria dizer’. Até mesmo esta resposta é afogada no esquecimento, e cala-se. É a vez do homem se admirar.”

in NIETZSCHE, Friedrich, Considerações Intempestivas, Lisboa, Editorial Presença, 1976, pp. 105

Sugestão 3: a música

The Wolf, de Eddie Vedder, incluída na banda sonora do filme Into The Wild (O Lado Selvagem), de Sean Penn.

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