Este é um blogue sobre cinema e filosofia (na sala de aula e não só). Mas também sobre música, arte, literatura, entre outras coisas que enriquecem a minha vida. Neste sentido, é também um blogue pessoal.
“Quando pensamos numa
montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias compatíveis entre
si, ouro e montanha, que já conhecemos anteriormente. (...) Em resumo, todos os materiais do pensamento derivam da sensação
interna ou externa; só a mistura e composição destas dependem da mente e da
vontade. Ou, para expressar em linguagem filosófica, todas as nossas ideias ou
percepções mais fracas são cópias de nossas impressões, ou percepções mais
vivas.”
David
Hume, Investigação sobre o entendimento humano
Quis sentir-te o odor a sangue na minha boca suja.
E queimar-te o amor com
Beijos.
Quis viajar-te a boca
Com carinhos e saber
A que cheira o teu suor comigo.
A que cheiro eu
Quando acordo.
A que cheira a solidão.
Houve em mim o som do guizo de quando pisava folhas secas
Mexeram-me as memórias numa sopa de confusão
Que me arde ao fundo da garganta.
E eu paro só
Por medo
Do que aí vem.
Esqueci-te a voz de quando
Chorava.
E não me lembro do desalento fora da palavra
Prenderam-me na resina de um pinheiro velho.
Quando me mexo sou parte do tronco quente.
Escondo-me dentro das tuas roupas; a nu
Ouço melhor ouço os passos
As vozes as malditas vozes
E os murmúrios doces.
Há brisa nos batimentos
Que ouço cá dentro.
Como se ainda tivesse casa.
Como se ainda tivesse coração."
(Fotografia de Maria Miguel Café, poema e vídeo de Maria Miguel Café e Tatiana Rodrigues.Retirado daqui.)
Informações adicionais fornecidas pelas autoras:
A IDEIA
Esta é uma experiência que se construiu ao longo de uma jornada de medos e questões. Terminou no palco de uma aula de Literatura Portuguesa mas viveu muito para além do meio académico. Interprete-se como um auto-desafio provocatório. Com muitas informações em falta sobre o percurso e o conceito, este é o produto de um trabalho conjunto, que teve como principal finalidade um poema... e uma ideia: a Casa.
FILMES UTILIZADOS (sem ordem)
"Le Scaphandre et le Papillon" de Julian Schnabel "Bright Star" de Jane Campion "Dead Poets Society" de Peter Weir "Like Crazy" de Drake Doremus "Pleasantville" de Gary Ross "Her" de Spike Jonze "Le fabuleux destin d'Amélie Poulain" de Jean-Pierre Jeunet "Into The Wild" de Sean Penn "Annie Hall" de Woody Allen "Lost In Translation" de Sofia Coppola "Submarine" de Richard Ayoade "Mr. Nobody" de Jaco Van Dormael "Dancer In The Dark" de Lars von Trier "Corpse Bride" de Tim Burton e Mike Johnson "Cloud Atlas" de Tom Tykwer, Andy Wachowski e Lana Wachowski "Away We Go" de Sam Mendes "Nuovo Cinema Paradiso" de Giuseppe Tornatore
René Magritte (Bélgica, 1898-1967), A Primavera, 1965
Não sei como é que acontece
consigo, mas o que me anuncia a Primavera são músicas. Permita-me, portanto,
que lhe apresente algumas das minhas andorinhas especiais.
Funciona assim:
quando sinto que não posso deixar de as ouvir, chegou a Primavera. Em mim,
claro, não necessariamente no mundo.
(Mas, vendo bem, quem quer saber do mundo
quando é invadido pela Primavera?)
A propósito dos Happy Mondays (uma das bandas da editora Factory, tal como os míticos Joy Division ou New Order) e do excitante ambiente musical de Manchester nos anos 80, sugiro o filme "24 Hour Party People", realizado por Michael Winterbottom: