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quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Deus existe? Um artigo de crítica filosófica de Adriano Martins

O jovem autor,
aluno na
Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes,
em Portimão


Deus existe?
por
Adriano Martins

A existência de Deus é um tema que desde sempre tem gerado muita polémica. O que se sabe é que ainda não existem factos claros que provem a sua existência ou inexistência. Por isso, até aos dias de hoje muita gente tem tentado apurar respostas para este problema filosófico.
Para realizar este texto baseei-me numa música chamada “Revelação”, de Valete, em que o rapper português nos mostra a sua perspectiva sobre este tema (não acredita na existência de Deus), simulando um diálogo entre um ateu, que apresenta argumentos contra a existência de Deus, e Deus, que apresenta argumentos a favor da sua própria existência.
O ateu apresenta argumentos como o “desprezo” que Deus dá a muitos que acreditam n’ Ele e seguem os seus mandamentos e, ainda, a existência de mal no mundo e na história da humanidade, fazendo referência a grandes massacres (2ª guerra mundial e guerra civil de Ruanda) e à fome e doenças existentes no mundo. Já Deus, “tentando vender o seu peixe”, diz que deu livre arbítrio aos Homens e que não pode interferir na vida das pessoas, apenas pode fazer o julgamento final e decidir quem merece o inferno e quem merece o paraíso.
Os argumentos do ateu encaixam na perfeição com a tese da existência do mal, que refere que a existência de mal no mundo é indiscutível. E, como Deus é supostamente omnisciente, omnipresente, omnipotente e sumamente bom, Ele teria tudo para evitar a existência desses males. Isso é dito na música da seguinte forma: “Do que vale saberes tudo se continuamos inconscientes/Do que vale poderes tudo se nós sempre vemos sofrimento/Do que vale veres tudo se nunca te fazes presente”. No início da música há ainda uma introdução em que uma voz feminina diz que a sua mãe sempre fora uma boa mulher (ia à igreja, ajudava mesmo aqueles que necessitavam menos do que ela, etc.) e acabou por morrer na miséria. E essa mesma voz faz a pergunta: “Que mal fez a minha mãe a Deus?”. A crítica e a pergunta feita por esta voz feminina têm o mesmo fundamento que um texto de Voltaire sobre o terramoto de 1755, ou seja, questiona o facto de acontecerem coisas más a pessoas que seguem rigorosamente Deus. Segundo o argumento do mal, o ateu parece ter razão na sua opinião acerca da existência de Deus.
Voltando à música, Deus fundamenta a sua resposta ao ateu na tese do livre arbítrio, que defende que Deus deu aos Homens a liberdade para agirem por si próprios, evitando que os humanos sejam uns meros robôs. Por isso, se os seres humanos escolherem o mal em detrimento do bem Deus não deve ser responsabilizado por isso, mas sim os Homens. Valete aborda esta responsabilização dos Homens, colocando Deus a dizer: “Eu não posso interferir, apenas assisto e analiso/Só no julgamento final é que eu corrijo e decido”. Ou seja, evoca a existência de um “tribunal” em que Deus é o “juiz” e julga cada pessoa e decide se essa pessoa merece o inferno ou o paraíso.
Filosoficamente, continua a ser difícil dizer qual é a resposta ao título deste texto, pois sempre que surge um argumento convincente acerca da existência de Deus surge um contra argumento que nos faz questionar o argumento inicial. Pessoalmente, sou da opinião que este Deus não existe (embora acredite em algo para além de nós, humanos), porque mesmo que ele tivesse dado livre arbítrio aos Homens e que estes fossem responsáveis por muitos males, isso não justificaria a existência do mal natural. Se Deus fosse sumamente bom, ele evitaria esse mal; logo, não existe ou não é sumamente bom.

(A letra da música "Revelação", de Valete, pode ser consultada aqui