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quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Escolher entre o amor, a saúde, o dinheiro, o sucesso, a fé...



amor          prazer          justiça

sucesso            família              amizade

saúde       honra        

dinheiro       paixão         conhecimento



Uma boa forma de iniciar o tema da filosofia dos valores é a seguinte: dizer aos alunos para escolherem 3 (ou 5, para não ser muito duro...) valores da lista fornecida. Depois, terão de hierarquizar os valores escolhidos de acordo com a importância que lhes atribuem. Finalmente, justificar as escolhas em poucas palavras.

De forma intuitiva e, para muitos, surpreendente, o aluno mergulha literalmente em alguns dos problemas que discutirá depois nas aulas de filosofia:

O que são valores?
Os valores significam o mesmo para toda a gente?
Há valores mais importantes que outros?
Os valores variam de pessoa para pessoa?
É a sociedade que deve impor os valores a seguir?
Apesar das aparentes diferenças, não haverá valores que significam basicamente o mesmo para toda a gente?

Também gosto de lhes dizer: “tentem fazer isso lá em casa”. E alguns fazem, transformando por momentos o jantar ou o serão numa espécie de tertúlia filosófica familiar.

Mais à frente, depois de conhecidas as principais teorias sobre o assunto, é tempo de as colocar à prova a partir deste excelente filme de animação:


quinta-feira, 10 de março de 2011

Teste intermédio de filosofia: a hora do balanço crítico



Quem o fez, quem o resolve e quem o corrige


O teste intermédio de filosofia visto de três perspectivas
Carlos Café
Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes


Dia 7 de Março de 2011 foi a data limite para as escolas enviarem para o Gabinete de Avaliação do Ensino Secundário do Ministério da Educação os resultados e a apreciação crítica do teste intermédio de filosofia. Os professores tiveram a oportunidade de comparar os resultados dos seus alunos e avaliar o teste por eles realizado em condições invulgares: o mesmo teste, à mesma hora, em todo o país. Estranhamente, dois terços das escolas decidiram ficar de fora deste processo. Pessoalmente, tenho dificuldade em encontrar um argumento pedagogicamente relevante para sustentar esta decisão, até porque cabia aos grupos disciplinares de cada escola atribuir o peso que o teste teria para os alunos, além de que a não cotação de conteúdos não leccionados estava à partida assegurada. Seja como for, quem decidiu realizar o teste intermédio proporcionou aos seus alunos uma experiência que decerto lhes será útil. E reflectiu em grupo sobre as aprendizagens, os resultados e a qualidade do próprio teste. Penso que esta reflexão deve continuar a ser feita, agora num âmbito mais alargado e público. Este artigo é um contributo para isso.

Começa assim o artigo que escrevi para a Crítica sobre o assunto. Que pode ser lido aqui.


terça-feira, 28 de setembro de 2010

Livre arbítrio: apresentações intuitivas do problema



O problema do livre arbítrio é o primeiro problema filosófico com que os alunos de filosofia do ensino secundário se deparam. Eis alguns exemplos possíveis para a sua formulação:


Será que tudo o que acontece é determinado por causas físicas? E quanto às acções humanas: obedecem às leis naturais? Dependem da vontade livre do agente? Será a visão científica do universo compatível com a defesa do livre arbítrio humano?

Penso que este problema filosófico é particularmente fascinante, mas não é fácil de abordar pelos jovens de 15 anos recém-chegados à filosofia. O modo como é colocado pode ser decisivo para o interesse dos alunos. Julgo saber por experiência própria que devemos partir de exemplos claros e intuitivos e avançar gradualmente em termos de subtileza. Sugiro três exemplos de natureza distinta para colocar o problema: uma situação prática, um texto e um vídeo apanhado na net.
  • A situação prática:

O Miguel partilha o cacifo com o Jorge. Um dia, descobre que o Jorge lhe roubou do cacifo o seu mp3. O Jorge desculpou-se dizendo que tinha sido «um impulso» que não conseguiu controlar. Será que a justificação do Jorge faz sentido? Porquê?
  • O texto:

«Constitui um facto empírico evidente que o nosso comportamento não é previsível da mesma maneira que é predizível o comportamento dos objectos rolando por um plano inclinado. (...) Se alguém prediz que eu vou fazer alguma coisa, posso muito bem não fazer essa coisa. Ora bem, este tipo de opção não está à disposição dos glaciares que se movem pelas montanhas abaixo ou das bolas que rolam em planos inclinados, ou dos planetas que se movem em torno das suas órbitas elípticas.»   John Searle

Haverá realmente diferenças importantes entre o movimento de um glaciar, uma bola ou um planeta e as acções dos seres humanos? Se sim, quais?
  • O vídeo:


Faz sentido afirmar que o papel dos seres humanos no mundo é basicamente idêntico ao de meras peças de um dominó encadeadas entre si? Porquê?

Até à próxima.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Herberto Helder, Pink Floyd e a atitude crítica



Hoje, numa aula do 10º ano, a propósito de um texto de Herberto Helder, ocorreu-me falar do tema “Another Brick In The Wall”, dos Pink Floyd. E veio à discussão a função da Escola, a importância da disciplina de filosofia, o direito à diferença e o que significa ter atitude crítica, entre outras coisas. E então apercebi-me que a música poderia bem ser a banda sonora do texto. “Sê tu próprio” ou “Pensa por ti mesmo” foram alguns dos títulos sugeridos pelos alunos. Por isso resolvi fazer aqui o que não pude fazer na aula: confrontar o texto com um excerto do filme (Pink Floyd The Wall, 1982) que Alan Parker realizou a partir do álbum da banda inglesa. Cá vai:

Vou contar uma história. Havia uma rapariga que era maior de um lado que do outro. Cortaram-lhe um bocado do lado maior: foi de mais. Ficou maior do lado que era dantes mais pequeno. Cortaram. Ficou de novo maior do lado que era primitivamente maior. Tornaram a cortar. Foram cortando e cortando. O objectivo era este: criar um ser normal. Não conseguiam. A rapariga acabou por desaparecer, de tão cortada nos dois lados. Só algumas pessoas compreenderam.

Herberto Helder, in Photomaton & Vox