segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Colóquio Internacional: Ensinar/Aprender Filosofia num mundo em rede: uma espécie de balanço pessoal

Manuela Martins, José Arêdes e eu

Tinha prometido dizer como correu. Aqui vai, então, num post que é também um... postal. 

Como espectador, gostei da diversidade dos temas abrangidos pelo colóquio. Algumas comunicações não incidiram sobre a filosofia, mas a relevância pedagógica dos temas também se estende ao ensino da filosofia. De entre as comunicações propriamente ditas a que assisti (e que, de uma maneira geral, patentearam um conhecimento muito seguro sobre os filósofos), permito-me destacar três: a "performance filosófica" de Barata-Moura (percebo agora o carinho com que dele falam os meus colegas que foram seus alunos), a argúcia de Leonel Ribeiro dos Santos ao mostrar as implicações didáticas da preocupação kantiana com a clareza e a "beleza" da comunicação em filosofia (um Kant dos nossos dias talvez utilizasse powerpoint...) e a elegante e bem estruturada defesa do filme enquanto texto filosófico apresentada pela Manuela Martins.
Quanto ao meu contributo para o colóquio, retomei brevemente (a “ditadura” do relógio...) algumas ideias sobre como fazer guiões de exploração filosófica dos filmes. A novidade foi a apresentação das linhas gerais do que agora estou a fazer nesta área.
De que são feitos os heróis ou a ética explicada aos jovens a partir do cinema é uma investigação que espero poder concretizar em livro. Como o nome indica, o objetivo é apresentar, explicar e discutir as principais teorias éticas com recurso ao cinema. Com base numa criteriosa e diversificada escolha de filmes, apresentam-se e exploram-se filosoficamente as dúvidas, os dilemas e as escolhas dos “heróis” do cinema. Ao valorizar a utilização do imaginário do cinema como “experiências mentais” filosoficamente relevantes, exploro a insuperável capacidade do cinema em suscitar no espectador a identificação com o “herói”, levando os jovens a colocarem-se na “pele” das personagens e a refletirem filosoficamente sobre os grandes problemas éticos. O exemplo que apresentei foi o que designei por “herói moral kantiano”, a partir do filme “Confesso” (I Confess, EUA, 1953), de Alfred Hitchcock. O utilitarismo de John Stuart Mill, por exemplo, é outro dos modelos de “herói moral” em que estou a trabalhar, também a partir de alguns filmes previamente escolhidos. A minha comunicação será publicada na íntegra nas actas do colóquio.
Agora o postal, para terminar. Não poderia deixar de destacar a atenta organização do colóquio, que nos proporcionou todas as comodidades e nos brindou com excelentes momentos de convívio académico e social. Obrigado e parabéns, Maria Luísa Ribeiro Ferreira. Também foi muito gratificante a partilha de experiências e ideias com os colegas portugueses (palestrantes e espectadores) com quem tive o prazer de conversar. Termino este postal com selos em forma de abraços para o Uruguai, Argentina, Brasil, Itália e Espanha, dirigidos aos colegas não portugueses em sinal de agradecimento pelo seu saber e simpatia. Um abraço especial de “até breve” para o Javier García Medina, Professor de Filosofia do Direito na Universidade de Valladolid e director do Observatório de Direitos Humanos daquela universidade.

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