Fiodor Dostoievski (1821, Moscovo / 1881, São Petersburgo) |
Um pouco mais de azul é uma lista comentada de sugestões para os meus alunos. A ideia é apresentar obras extraordinárias da cultura mundial que, idealmente, um excelente aluno do secundário deveria conhecer: livros, filmes, música ou arte. Tento, desta forma, estimular a autoaprendizagem e o culto da excelência através de obras que não fazem parte dos currículos escolares. Apenas três notas mais. Um: as escolhas são assumidamente pessoais. Dois: a adesão dos alunos é naturalmente facultativa. Três: a minha disposição para lhes emprestar e com eles discutir as obras é total. O título “Um pouco mais de azul” quer exprimir a ideia de que não basta ser inteligente e ter boas notas para se ser excelente. Também é preciso gostar de enfrentar dificuldades e ter a persistência necessária para o conseguir. E, acima de tudo, ser exigente consigo próprio.
Por muito colorida que seja a nossa vida, ousar querer sempre um pouco mais, um pouco mais de azul...
Porque no princípio era o Verbo, um pouco mais de azul # 1 é um livro. Um dos meus livros preferidos, que li pela primeira vez quando andava no secundário. São inúmeras as referências sobre a obra e o seu autor na internet, pelo que prescindo de as fazer aqui. Deixo-vos então com
Obra: Crime e Castigo
Autor: Fiodor Dostoievski
Para terminar, o poema de Mário de Sá-Carneiro de onde a expressão é tirada:
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Um pouco mais de sol - eu era brasa, Um pouco mais de azul - eu era além Para atingir, faltou-me um golpe de asa ... Se ao menos eu permanecesse aquém ... Assombro ou paz ? Em vão ... Tudo esvaído Num grande mar enganador d´espuma; E o grande sonho despertado em bruma, O grande sonho - ó dor ! - quasi vivido ... Quasi o amor, quase o triunfo e a chama, Quasi o princípio e o fim - quasi a expansão ... Mas na minh´alma tudo se derrama ... Entanto nada foi só ilusão ! De tudo houve um começo ... e tudo errou ... - Ai a dor de ser-quasi, dor sem fim ... Eu falhei-me entre os mais, falhei em mim, Asa que se elançou mas não voou ... Momentos de alma que desbaratei ... Templos aonde nunca pus um altar ... Rios que perdi sem os levar ao mar ... Ânsias que foram mas que não fixei ... Se me vagueio, encontro só indícios ... Ogivas para o sol - vejo-as cerradas; E mãos d' heroi, sem fé, acobardadas, Puseram grades sobre os precipícios ... Num ímpeto difuso de quebranto, Tudo encetei e nada possuí ... Hoje, de mim, só resta o desencanto Das coisas que beijei mas não vivi ... Um pouco mais de sol - e fora brasa, Um pouco mais de azul - e fora além. Para atingir faltou-me um golpe d´asa ... Se ao menos eu permanecesse aquém ... Paris 1913 - maio 13 Mário de Sá-Carneiro Poemas Completos Edição Fernando Cabral Martins Assírio & Alvim 2001 |
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