quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Kant e Henriette: correspondência imaginária entre um iluminista e uma romântica

Henriette de Lemos Herz
Immanuel Kant

Hoje, Dia Mundial da Filosofia, recupero um dos textos que me deu mais gozo escrever, publicado no meu primeiro livro. O texto inspira-se no Werther, de Goethe, e lendo-o percebe-se por quê. Esta re-visitação é dedicada à minha filha Maria Miguel, que sabe que nada existe de inconsistente em ser-se simultaneamente romântica e deontologista.


Correspondência Imaginária

entre

Immanuel Kant  e Henriette de Lemos Herz 

(in O Prazer e o Dever. Variações em torno da moral Kantiana, Portimão, 1999, pp 57-75)


AO LEITOR

            Reuni cuidadosamente tudo quanto pude encontrar sobre a amizade entre Immanuel Kant e Henriette de Lemos Herz e, expondo-o ante vós, estou convencido de que me agradecereis.
            O distinto filósofo é de todos conhecido. O mesmo não se passa, porém, em relação àquela com a qual manteve a correspondência que aqui se torna pública. Em virtude desse facto, julgo ser indispensável apresentá-la ao leitor, ainda que em breves palavras.(1)
            Henriette de Lemos Herz nasceu em Berlim em 1764, numa abastada família judia que, fugindo da Inquisição, emigrara de Portugal. A extraordinária curiosidade que a caracterizava, justamente enaltecida por quantos com ela mais de perto privaram, apenas era superada pela inultrapassável beleza com que a Natureza a brindara, facto que lhe valeu, aliás, o epíteto de “Musa Trágica”. Tinha uma aptidão invulgar para as Línguas: dominava o Português, o Alemão, o Hebraico, o Grego, o Latim, o Francês, o Inglês, o Italiano e o Sânscrito. Casou, ainda nova, com o médico Marcus Herz, um dos alunos predilectos de Kant e seu confidente intelectual. Fundou, em sua casa, o primeiro e mais importante salão literário de Berlim, de que foi a principal dinamizadora. O seu salão obteve uma enorme projecção, não só em Berlim, como também fora da cidade. Tal facto tem a ver com a circunstância de se ter tornado num novo ponto de encontro, tanto para judeus e cristãos, como para homens e mulheres, o que constituiu uma autêntica novidade na vida social de então. Também nas ideias dominantes o salão primava pelo eclectismo, dada a coexistência dos ideais iluministas com o movimento Romântico emergente na Alemanha de então. De entre as personalidades que frequentavam habitualmente o salão literário de Henriette de Lemos, destacam-se os nomes de Schelling, Fichte, Mme de Stäel, Jean Paul e Schleiermacher, entre outros.
            Influenciada pelo Romantismo, leu apaixonadamente o Werther, de Goethe, que a marcaria para toda a vida. Escreveu um livro de memórias sobre o salão por si criado, cujo título é Berliner Salon (Salão Berlinense).
            Henriette de Lemos Herz morreu, já viúva, em 1847.


CORRESPONDÊNCIA

Berlim, 11 de Maio de 1785

            Exmo. Sr. Professor Immanuel Kant:

            Não é fácil dizer-vos com clareza o que sinto neste preciso momento em que a vós me dirijo. O meu coração impele-me a escrever-vos, enquanto a voz da consciência me censura pelo atrevimento. Sabeis decerto a benéfica, e nunca demasiadamente enaltecida, influência que exerceis nesta casa: há muito que sois o guia espiritual do meu querido Marcus. Constitui a vossa filosofia a omnipresente auréola que paira sobre os nossos pensamentos, qual excelsa referência, nas conversas que entre nós travamos. Mas é  precisamente a vossa invejável sabedoria que se instalou, entre mim e o meu marido. Marcus não cessa de vos citar. Fala de vós com um entusiasmo tal que me constrange! E são tantas as coisas que o meu coração não entende ainda! Marcus é tão sereno no falar, tão racional e seguro quando analisa uma teoria ou critica um dos meus “deliciosos excessos juvenis”, como ele gosta de dizer. (Sabeis decerto que, não obstante o amor que nos une, mais de quinze anos nos separam...) O que eu não daria para poder vazar a serenidade inabalável das suas convicções na irrequietude romântica dos meus sentimentos! Por isso vos rogo, meu bom Professor: permiti que a curiosidade que em mim lateja se faça pensamento, que o desenfreado desejo de entender ceda lugar à maturidade própria de quem, para além de saber, se compraz na gratificante sensação de também compreender.
            Sabemos que foi recentemente publicada uma obra vossa, e de que Marcus, pese embora não a conhecer directamente (o nosso livreiro aqui em Berlim não conseguiu ainda disponibilizá-la...), a ela se refere com inexcedível entusiasmo. Refiro-me, naturalmente, à Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Será ousadia da minha parte solicitar-vos uma carta onde o teor dessa vossa obra seja nela explicado, preferencialmente de uma forma resumida?
            A bondade do vosso coração, de que sei não haver razões para duvidar, dá-me esperanças de ver concedido este meu caprichoso pedido.
            Despeço-me com admiração,

Henriette de Lemos Herz

            Post scriptum: Marcus não deverá saber desta minha iniciativa. Pretendo fazer-lhe uma surpresa. Por uma vez que seja, ser eu a dar-lhe conhecimento pormenorizado de uma obra do venerado mestre — eis o que não poderá acontecer sem o consentimento cúmplice do seu querido Professor. Posso contar com a vossa discrição, não é verdade?

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Königsberg, 15 de Maio de 1785

Minha Digníssima Senhora:

            A vossa missiva despertou em mim tanta surpresa quanto agrado. Para ser totalmente sincero, devo confessar-vos que o meu fraco e idoso coração se sentiu algo emocionado, e que a tal frémito inusitado não terá sido de todo estranha uma pontinha do vil orgulho... Haviam-me chegado notícias da extraordinária beleza da eleita do coração do meu querido amigo Marcus. Agora, é pela vossa delicada mão que fico a saber que também a sua alma aspira à beleza, a nobre beleza que só alguns espíritos buscam, precisamente aqueles para quem o “Dever, nome grande e sublime”, constitui a palavra mágica que nada promete e tudo exige!
            Quanto ao que me pedis, dir-vos-ei que, quer a minha enorme vontade, quer o meu escasso talento, estarão irmanados no objectivo de tornar claras, tanto quanto possível, as teses fundamentais da obra a que vos referis. Para facilitar eventuais referências, os “resumos” da obra surgirão em separado. Quando o texto for escrito em itálico, tal significa que se trata de uma citação. Talvez um dia (quem sabe?) o estudo desta minha obra venha a ser sugerido aos jovens candidatos à Universidade...
            Seja como for, é motivo bastante o vosso generoso pedido. O entusiasmo que o anima é de tal modo louvável, que em mim tão simpático pedido se transformou, de imediato, na mais urgente das ordens! Passemos, então, à obra.

            A Fundamentação da Metafísica dos Costumes é constituída por três secções e um prefácio. O objectivo da obra é “a busca e fixação do princípio supremo da moralidade”. A tese principal da obra é a seguinte: a autonomia da vontade é o princípio supremo da moralidade. Uma vez fornecidos estes esclarecimentos prévios indispensáveis, apresentarei de seguida o

Resumo da primeira secção

            A obra começa com a defesa da tese segundo a qual nada, a não ser uma “boa vontade”, pode ser considerado bom sem qualquer limitação. Porquê? Porque todos os “talentos do espírito”, “qualidades do temperamento” e “dons da fortuna” não são bons em si mesmos, porque estão dependentes do modo como forem utilizados, ou seja, apenas serão bons se estiverem ao serviço de uma vontade boa. Mas o que faz com que uma vontade possa ser considerada boa? A vontade é boa em função do querer, não dos resultados. O critério é a intenção, não os efeitos, sejam eles quais forem. Pode comparar-se a boa vontade a uma “jóia”: vale por si mesma, independentemente da utilidade. Como se explica, então, a tendência natural do ser humano para a felicidade? A busca da felicidade é uma tendência natural, não um objectivo racional. O instinto busca a felicidade, a razão a dignidade. O mais importante não é ser feliz, é sermos dignos da felicidade. Esse é o sentido mais nobre da existência humana. Ora, se a vontade, para ser boa, se sobrepõe ao prazer, fá-lo em nome de quê? Eis a resposta: em nome do Dever. Se analisadas em função da relação que estabelecem com o dever, as acções podem ser consideradas “contrárias ao dever”, “conforme ao dever” e “por dever”. Apenas as acções realizadas por puro dever são acções morais. Mas, afinal, o que é o dever? “Dever é a necessidade de uma acção por respeito à lei”. Mas que lei é essa? Uma vez que colocámos de parte todos os estímulos, só pode ser uma lei universal das acções humanas em geral, ou seja, “devo proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a minha máxima se torne lei universal”. Se isso não for possível, ou seja, se a máxima não puder ser generalizada, devemos rejeitá-la. Este princípio funciona, mesmo para o mais comum dos seres humanos, como um “padrão” ou “bússola”, ajudando-o a distinguir as acções boas das acções más, nos casos em que tal dúvida se lhe coloque.
             
            Eis o “resumo” da primeira secção da minha obra. Peço-vos desculpa pelo estilo pouco académico, mas tal se deve ao facto de ter pretendido não ser demasiado fastidioso. Para terminar, tenho a ousadia de lhe lançar um repto: importar-se-ia a senhora de se dar ao trabalho de avaliar criticamente as minhas teses? Como sabeis, as minhas teses filosóficas são habitualmente discutidas no meio académico; tal circunstância deixa-me, naturalmente, muito orgulhoso. Mas acontece, por vezes (e só agora o confesso...), ser o meu espírito, nos seus momentos diletantes, confrontado com a seguinte pergunta: que valor terão as minhas teses filosóficas, se encaradas do ponto de vista de uma bela e culta mulher?
            Aguardo com impaciência o vosso comentário. 
           
            Respeitosos cumprimentos,

Immanuel Kant

            P.S.- Podeis tranquilizar-vos: o vosso pedido de sigilo será naturalmente respeitado.

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Berlim, 19 de Maio de 1785

Caro Professor Kant:

            Cada vez compreendo melhor a inultrapassável admiração que o meu marido nutre por si. Que correcção exemplar a sua, ao ter-me respondido sem demora! E eu bem sei que o Professor é um homem bastante ocupado, o que me deixa ainda mais sensibilizada. Quanto ao que classifica de “estilo pouco académico”, não vislumbro razões para dele se penitenciar. Antes pelo contrário, sou eu que lhe agradeço o esclarecedor resumo que teve a simpatia de elaborar para mim. De resto, solicito-lhe autorização para utilizar, nesta nossa correspondência, um estilo menos elaborado e mais próximo da linguagem corrente. Espero que mo conceda.
            Foi com grande alívio que li, no final da sua carta, o convite que me endereçou para que comentasse as suas teses. Tal facto deixa-me mais à vontade, uma vez que, confesso-o desde já, era minha intenção fazê-lo, mesmo que tal convite não me tivesse sido formulado... É que eu sou muito curiosa e opinativa, sabia? Como adoro discutir ideias e não me coíbo de emitir opiniões próprias, Marcus costuma dizer, referindo-se à minha ascendência portuguesa, que tal se deve à “fogosidade típica dos latinos”. Ora, sabendo eu que é um incansável defensor do pensamento livre e autónomo, sinto-me plenamente à vontade para avaliar as suas teses de um ponto de vista pessoal, até porque, como o próprio Professor defende, a noção do que é certo e errado existe em todo o ser humano e não apenas nos filósofos, não é verdade? Portanto...
            Quanto às teses da obra, vou começar por lhe dizer o que mais me agradou. O aspecto mais digno de louvor é, precisamente, o facto de o Professor defender que todo o ser humano possui um sentido moral das coisas. Fiquei muito satisfeita ao ler isso. Na prática, significa que todo o ser humano pode ser digno, devendo ser julgado pelos seus actos, independentemente do sexo, raça, classe social ou capacidade económica. Que agradável não seria o mundo, se toda a gente pensasse assim! As pessoas não mais seriam humilhadas e desvalorizadas com base em discriminações absurdas e injustas. Infelizmente, tal não acontece ainda, e o Professor sabe bem disso. Quantas mulheres não sentiram já que as suas opiniões não são levadas tão a sério apenas pelo facto de serem mulheres e não homens? Será que um ponto de vista muda de valor quando muda o sexo da pessoa que o defende? E a raça: que tem a cor da pele a ver com a dignidade da pessoa? E será que o mais rico é necessariamente mais justo? Não acontece por vezes exactamente o contrário? Quanto à classe social: nascer em berço de ouro significará, automaticamente, que tal criança virá a ser melhor pessoa que aquele que nasceu pobre e tem de lutar pela sobrevivência? Admiro a sua coragem, Professor, ao defender pontos de vista que contrariam tão frontalmente preconceitos tão fortemente enraizados. Realmente, o mais importante é a pessoa possuir uma vontade forte e um bom íntimo. Tudo o resto é secundário. Não sei se a expressão estará adequada, mas apetece-me dizer que o Professor, ao defender que ninguém precisa que os outros lhe digam o que está certo ou errado, é um autêntico “democratizador” da moral. Felicito-o por isso!
            Outro aspecto que me agradou particularmente foi a perspicaz denúncia que faz da hipocrisia. Todos sabemos que há por aí muitos “ilustres” com fama de virtuosos e amigos dos outros que, afinal, não passam de autênticos hipócritas, que se aproveitam da desgraça alheia para promoverem uma falsa imagem de generosidade. Ainda bem que os desmascarou, colocando as coisas no seu devido lugar.
            Mas, deixe que lhe diga, há aspectos na sua tese com os quais não concordo mesmo nada. O primeiro é o seguinte: o senhor fala tanto do dever de sermos dignos, mas parece esquecer-se de que nós, sem o sonho da felicidade, não somos nada. Ao ler a sua carta, parece-me que nela existe prazer a menos e dever a mais! Percebe o que eu quero dizer, não é verdade? Bem sei que o Professor é uma pessoa metódica e com um enorme sentido de responsabilidade. O meu marido está sempre a apresentá-lo como exemplo. Ele, nesse aspecto, é muito parecido consigo: o dever vem sempre em primeiro lugar. São ambos tão alemães...
            Eu não sou nada assim. Não é que seja irresponsável ou leviana (por favor, não me interprete mal!). Há quem diga que em nós, mulheres latinas, coexistem a dedicação e a irreverência, a razão que serena o espírito com a paixão que arrepia o corpo! Vocês veneram o dever -e nós entendemos isso. Mas, quando nós, mulheres, falamos de paixão, será que vocês sabem — realmente — do que estamos a falar?
             Quando se trata do Amor (não o amor à humanidade a que o Professor se refere, mas ao Amor Paixão que toda a mulher sabe o que é...), quando é disso que falamos, dizia eu, temo que as suas brilhantes análises nos possam ajudar muito pouco. Quando é de Amor que se fala, é preciso vivê-lo, antes de mais, e isso é coisa que qualquer jovem adolescente faz de modo intuitivo e espontâneo, ainda que se trate, apenas, de um sonho inventado, e não de uma vivência real. Surpreendido, Professor? Muito bem: deixo-o, então, com um poema de que gosto particularmente. Foi escrito pela Ana e pela Tânia, duas jovens portuguesas, quando apenas tinham 15 anos, e tem por título À noite. Ei-lo:

            Esta noite,
            enlouqueceste-me os sentidos,
            beijaste-me com magia,
            e com teus lábios humedecidos.
            Esta noite,
            bebeste-me com prazer
            água doce, fizeste-me mulher,
            contigo deixei de ser criança.
            Esta noite,
            seduziste-me com o teu doce movimento,
            dancei contigo ao sabor da brisa e do vento.
            Quis viver mais uma paixão.

Amanhã,
            tudo será esquecido,
            a tua água, o teu lábio humedecido,
            o teu beijo, o teu movimento sentido,
            a tua mão na minha.(2)

            Saberia o Professor como responder-lhes?

            Saudações desta berlinense com sangue português.

Henriette de Lemos H.
           
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Königsberg, 25 de Maio de 1785

Exma. Senhora:

            Peço desculpa por apenas hoje responder à sua carta, mas acontece que, para além dos afazeres do costume, tenho andado um pouco adoentado. Quanto à minha obra que me pediu que resumisse, passarei de imediato à súmula da segunda secção da mesma.

Resumo da segunda secção

            Quando indagamos sobre a fonte das nossas regras morais, é forçoso reconhecer que a moralidade não pode ser retirada de exemplos empíricos, uma vez que não lida com “o que acontece”, mas com “o que deve acontecer”. Por isso, é de todo irrelevante que, em termos morais, se não possam encontrar provas, nem de uma acção praticada por puro dever, nem de uma pessoa absolutamente santa. Uma vez que as leis morais, como já víramos, devem valer para todos os seres racionais, devem ser deduzidas do conceito universal de ser racional, isto é, absolutamente a priori. Assim, ao analisarmos a razão humana no seu uso prático, damo-nos conta de que todos os imperativos se exprimem pelo verbo “dever”. “Eles dizem que seria bom praticar ou deixar de praticar qualquer coisa, mas dizem-no a uma vontade que nem sempre faz qualquer coisa só porque a razão lhe indica que seria bom fazê-la.” É como se a vontade se encontrasse numa “encruzilhada”: a razão indica-lhe o que é bom, a sensibilidade apela para o agradável. Deste modo, todos os imperativos ordenam qualquer coisa, ou hipotética ou categoricamente. O imperativo é hipotético quando o que ordena é bom apenas para qualquer outra coisa; é categórico quando o que ordena se impõe como bom em si mesmo. Ou seja: enquanto que o imperativo hipotético é condicional, o categórico é incondicionado. É por isso que apenas este é, no sentido rigoroso do termo, o “imperativo da moralidade”. Como se pretende que seja válido para todas as acções em geral, a sua fórmula terá de ser absolutamente “formal”, isto é, vazia de conteúdo, como acontece com as fórmulas matemáticas. O imperativo categórico ou lei moral não nos diz o que fazer, mas apenas como agir. O imperativo categórico pode exprimir-se assim: “Age apenas segundo uma máxima tal que possas ao mesmo tempo querer que ela se torne lei universal.”
            Do imperativo podemos deduzir os princípios da vontade, que são três: o princípio da universalidade (já expresso na formulação do imperativo acima representada), o princípio da finalidade (“Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto na tua pessoa como na pessoa de qualquer outro, sempre e simultaneamente como fim e nunca como meio”) e o princípio da autonomia (a “vontade de todo o ser racional como vontade legisladora universal”). Esta ambição moral do ser humano permite falar num “Reino dos Fins” -o ideal moral- em que todos os seus membros se tratem a si mesmos e aos outros nunca como meio e sempre como fim. Ao agir em função de quaisquer outros motivos que não o puro respeito pela lei moral, fá-lo a vontade em nome do princípio da Heteronomia, que se constitui, desse modo, como a fonte de todos os princípios ilegítimos da moralidade. E assim se atinge finalmente o objectivo principal da obra: a fixação do princípio supremo da moralidade, que é, portanto, a autonomia da vontade.

            Espero sinceramente que este resumo possa vir a merecer encómios semelhantes ao do primeiro. Quanto à curiosa pergunta que me coloca no final da missiva, lastimo não poder responder-lhe de imediato. Confesso que tais assuntos estão longe de constituir um dos meus habituais temas de reflexão; além do mais, para um velho filósofo como eu, habituado ao rigor dos conceitos e à clareza das exposições, a linguagem utilizada no poema resulta para mim um tanto estranha, quiçá mesmo misteriosa. Por tudo isto, rogo-lhe que me conceda mais algum tempo, para que o meu comentário possa estar à altura de tão ilustre destinatária.

            Sempre ao seu dispor,

Immanuel Kant

            P.S.- Por favor, não deixe de escrever no estilo que mais lhe aprouver. Aliás: peço-lhe que o faça! Para quem, como eu, está tão habituado ao sóbrio e masculino discurso racional, a expressividade simples e feminina do seu estilo constitui uma autêntica lufada de ar fresco e primaveril!...

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            Berlim, 30 de Maio de 1785

Caro Professor:

            O seu resumo foi bastante esclarecedor. Agradeço-lhe mais uma vez. Mas agora gostaria de comentar alguns aspectos que dele retive. Não sei se serão os mais relevantes; são, pelo menos, aqueles que mais me despertaram a atenção.
            Começo por me referir à questão dos exemplos. Estou absolutamente de acordo consigo: o facto de não haver ninguém perfeito não deve servir de desculpa para não nos esforçarmos no sentido de sermos cada vez melhores pessoas.
            Outro aspecto indiscutível é o princípio da universalidade. Como poderíamos falar de moral se abríssemos excepções sempre que nos conviesse? Por isso, quando dizemos que tal atitude é certa ou errada, devemos pensar de modo imparcial.
            Para além disso, gostei muito de o ver defender que devemos encarar as pessoas como um fim em si mesmo e nunca como um meio. Fez-me lembrar uma situação que presenciei há alguns dias numa rua central de Berlim. Um ilustre candidato a burgomestre, por sinal nosso vizinho, exibia com descarado à vontade uma surpreendente preocupação com os sem abrigo da cidade. Ora, sabendo eu que tal pessoa, arrogante e ambiciosa como poucas, se distingue habitualmente pela insensibilidade para com os outros, a pergunta que me ocorreu fazer-lhe foi a seguinte: estará essa súbita “compaixão” ao serviço dos necessitados, ou será que é a desgraça alheia que está a ser convenientemente utilizada para conseguir concretizar as suas ambições? Acabei por não lhe fazer a pergunta, naturalmente. Mas a dúvida tem decerto a ver com o que o Professor designa por “princípio da finalidade”: estariam os sem-abrigo a ser encarados como um fim em si mesmo ou como um simples meio para atingir outros fins?
            Quanto à defesa da autonomia, gostaria de lhe colocar algumas questões. A primeira é a seguinte: a que se refere quando fala de autonomia? Fiquei com a ideia de que, para si, apenas somos autónomos quando nos submetemos à lei moral. Mas terá isso algum sentido? Não serão também os sentimentos algo de fundamental para as pessoas? Imaginemos que eu, que estou apaixonada, decido fazer o que o meu coração me diz para fazer; não será também uma decisão autónoma? Num romance extraordinário que estou de momento a ler, escrito pelo grande Goethe e intitulado Werther, a personagem homónima, um jovem romântico e apaixonado, afirma a dada altura: “Trato o coração como se trata uma criança doente, satisfazendo-lhe todos os caprichos.”(3)
            Presumo que não estará de acordo. Por isso lhe pergunto, meu bom Professor: não estará a transformar-se num “escravo do dever”?

            A sua leitora atenta,

Henriette de Lemos H.

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            Königsberg, 5 de Junho de 1785

Exma. Senhora:

            A sua última missiva provocou em mim algumas reflexões de cujos resultados lhe quero dar conta. Antes, porém, vou apresentar o

Resumo da terceira secção

            A descoberta da autonomia leva-nos à ideia de liberdade, pois “que outra coisa  pode ser (...) a liberdade da vontade senão autonomia, i. e. a propriedade da vontade de ser lei para si mesma?”. Quer isto dizer que podemos provar que somos livres? Não, apenas podemos dizer que a liberdade, enquanto mera ideia, é um pressuposto indispensável à moralidade. Deste modo, o ser humano descobre-se como pertencente a dois mundos: o mundo sensível, ou mundo dos fenómenos naturais, e o mundo inteligível, ou mundo das vivências morais. Enquanto pertence ao mundo sensível, o homem está submetido às leis naturais (Heteronomia); enquanto pertence ao mundo inteligível, o homem está sujeito às suas próprias leis (Autonomia). Será esta afirmação contraditória? Não, uma vez que, embora aconteçam em simultâneo, estas duas dimensões existem segundo perspectivas diferentes. Ou seja: “o conceito de mundo inteligível é portanto apenas um ponto de vista que a razão se vê forçada a tomar fora dos fenómenos para se pensar a si mesma como prática”. Nada de objectivo se pode dizer sobre ele nem sobre a ideia de liberdade, uma vez que são ideias que ultrapassam os nossos limites naturais. Toda a investigação moral esbarra nesta impossibilidade; conceber essa “inconcebilidade (...) é tudo o que, com justiça, se pode exigir de uma filosofia que aspira a atingir, nos princípios, os limites da razão humana.”

            Tomei a liberdade de também lhe enviar uma lista dos conceitos fundamentais da Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Espero que tal lhe seja de utilidade na sistematização das teses e argumentos principais da obra. Sei, como professor, e por experiência própria, quão reconhecidos ficam os nossos alunos quando os ajudamos desse modo, ou seja, dando-lhes “pistas” que os possam guiar e orientar nos seus estudos. É nesse sentido que passo a indicar os conceitos cuja clara e correcta compreensão é indispensável para uma leitura bem sucedida da obra.
           
            Os conceitos fundamentais são os seguintes: boa vontade, felicidade, dignidade, dever, acções contrárias, conforme e por dever, máxima e lei (na primeira secção); empírico, a priori, imperativo hipotético, imperativo categórico, princípios da vontade -universalidade, finalidade e autonomia-, heteronomia e Reino dos Fins (na segunda secção); e, finalmente, os conceitos de liberdade, mundo sensível, mundo inteligível e limites da razão (na terceira secção).

            E assim fica “resumida”, tal como me havia pedido, a Fundamentação da Metafísica dos Costumes.
            Quanto aos comentários que teve a simpatia de fazer na sua última missiva, gostaria de a eles me referir de seguida, uma vez que é minha convicção que da sua correcta explicitação pode resultar uma melhor compreensão das teses por mim defendidas.
            Pergunta-me a Senhora se eu não me estarei a tornar num “escravo do dever”. A expressão é surpreendente, já que o cumprimento do dever, do meu ponto de vista, nunca pode ser considerado uma atitude servil. Antes pelo contrário: é o corajoso cumprimento do dever que faz de nós pessoas livres! A Senhora parece esquecer que a submissão à lei moral é um acto voluntário em relação a uma lei que impomos a nós próprios, e não a aceitação coagida de uma regra imposta por outrem! Ou seja: “sou tanto mais livre quanto mais me submeto à Lei”!
            No que diz respeito aos sentimentos de paixão que tanto elogia, vou-lhe dizer o que penso: neste caso, a palavra “escravatura” tem todo o sentido! A paixão cega o homem e é uma gangrena para a razão, como se fosse uma doença, com a particularidade de o doente não querer ser curado, recusando submeter-se ao único princípio que poderia fazer essa cura. A paixão tem prazer e satisfação na escravatura, e por isso eu penso que, no fundo, ninguém deseja por si mesmo a paixão, do mesmo modo que nenhuma pessoa sensata procura deliberadamente algo que a subjugue e da qual depois se não possa libertar.
            Vou seguir o seu exemplo e despedir-me com uma pergunta: quem é que gostaria de se deixar acorrentar, quando poderia ser livre?

            Um homem que venera o Dever,

Immanuel Kant

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Berlim, 11 de Junho de 1785

Caro Professor:

            Não se pode dizer que tenha ficado surpreendida com o teor da sua última carta. Vendo bem, tudo o que afirmou não deixa de ser coerente com a sua concepção de ser humano. Apesar disso, dei comigo a pensar: como reagiria o Professor a algumas das posições que são habitualmente defendidas no meu “Salão Literário”? É certo que nele participam habitualmente fervorosos iluministas como o senhor, a começar por Marcus, meu marido e seu discípulo. Mas não era a estes pontos de vista que eu me referia, mas aos daqueles que, criticando o que consideram ser a excessiva importância que os iluministas atribuem à razão, vêem na “lei do coração” o caminho autêntico para a libertação do indivíduo. É por isso que gostam de chamar “Romantismo” a este movimento que agora parece emergir.
            Eu própria, confesso-o, estou inclinada a pensar que o Professor valoriza excessivamente a razão, parecendo “esquecer-se” dos sentimentos... O amor de um ser humano por outro é talvez a experiência mais difícil para cada um de nós, o mais alto testemunho de nós próprios, a obra suprema em face da qual todas as outras são apenas preparações. Quando o Professor fala do ser humano, é sempre o ser racional em geral que tem em mente, nunca as pessoas individuais e concretas, pessoas que têm, para além da racionalidade, uma sensibilidade única que as faz sentir e viver a vida de um modo nem sempre muito “lógico”. Quando diz “eu”, o senhor quer dizer: “o meu cérebro”!
            Mas nem toda a gente pensa assim. Pessoas há que, se lhes perguntássemos: “quem és tu?”, talvez respondessem

            Eu sou a que no mundo anda perdida,
            Eu sou a que na vida não tem norte,
            Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
            Sou a cruxificada... a dolorida...

            Sombra de névoa ténue e esvaecida,
            E que o destino amargo, triste e forte,
            Impele brutalmente para a morte!
            Alma de luto sempre incompreendida!...

            Sou aquela que passa e ninguém vê...
            Sou a que chamam triste sem o ser...
            Sou a que chora sem saber porquê...

            Sou talvez a visão que alguém sonhou,
            Alguém que veio ao mundo pra me ver
            E que nunca na vida me encontrou! (4)

            Pense nisso, está bem?

            Uma mulher que não esqueceu o Amor,

Henriette
           
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Königsberg, 17 de Junho de 1785

Minha jovem Senhora:

            O desejo de ver compreendidas as minhas ideias leva-me a, num derradeiro esforço, tentar anular as barreiras que, nestes assuntos que temos vindo a discutir, parecem existir entre os nossos pontos de vista.
            Já alguém disse que as ideias apenas ganham a consistência indispensável ao serem integrados no contexto histórico que as viu nascer. Ora, quis o acaso que eu tenha publicado, há pouco mais de um ano, um pequeno texto sobre as ideias fundamentais do nosso século, o “século das Luzes”. Por isso, tomei a liberdade de lhe apresentar aqui, de modo naturalmente abreviado, algumas das considerações mais importantes desse pequeno texto, ao qual atribui o seguinte título:

Resposta à pergunta: que é o Iluminismo?

            O Iluminismo é a saída do homem da sua menoridade de que ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem. Tal menoridade é por culpa própria se a sua causa não reside na falta de entendimento, mas na falta de decisão e de coragem em se servir de si mesmo sem a orientação de outrem. Sapere aude! Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento! Eis a palavra de ordem do Iluminismo.
            A preguiça e a cobardia são as causas por que os homens (...) continuem, no entanto, de boa vontade menores durante toda a vida; (...) É tão cómodo ser menor. Se eu tiver um livro que tem entendimento por mim, um director espiritual que tem em minha vez consciência moral, um médico que por mim decide da dieta, etc., então não preciso de eu próprio me esforçar. (...) [Ora], para esta ilustração, nada mais se exige do que a liberdade. (...) Mas agora ouço gritar de todos os lados: não raciocines! Diz o oficial: não raciocines mas faz exercícios! Diz o funcionário das Finanças: não raciocines, paga! E o Clérigo: não raciocines, acredita! (...) Por toda a parte se depara com a restrição da liberdade. (...)
            Se, pois, se fizer a pergunta -Vivemos nós agora numa época esclarecida?- a resposta é: não. Mas vivemos numa época do Iluminismo. Falta ainda muito para que os homens tomados em conjunto, da maneira como as coisas agora estão, se encontrem já numa situação (...) de, em matéria de religião, se servirem bem e com segurança do seu próprio entendimento, sem a orientação de outrem. Temos apenas claros indícios de que se lhes abre agora o campo em que podem actuar livremente, e diminuem pouco a pouco os obstáculos à ilustração geral, ou à saída da menoridade de que são culpados. Assim considerada, esta época é a época do Iluminismo”.(5)
           
            Espero que a mensagem principal tenha ficado clara: a tarefa fundamental do nosso tempo é libertar o Homem do obscurantismo em que séculos de trevas o deixaram. E isso, minha jovem Senhora, apenas se consegue através da Razão, não da Paixão!

            Um iluminista convicto,

Immanuel Kant

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Berlim, 23 de Junho de 1785

Caro Professor:

            Li atentamente o seu esclarecedor texto sobre o Iluminismo, mas continuo a pensar que tal visão do Homem talvez não faça já muito sentido. Eu julgo compreender o seu generoso esforço no sentido de libertar os seres humanos daquilo a que chama a “menoridade”. A intenção é realmente muito louvável. Mas eu pergunto: o preço a pagar não é excessivamente elevado? Sobrevalorizar a razão à custa dos sentimentos: não será isso muito radical? O Professor não admite a coexistência destas duas coisas; quer a vitória de uma à custa do aniquilamento da outra! E eu, como mulher, interrogo-me: quem é que pretende ser amada por dever?!
            Para finalizar, há uma questão que paira no meu espírito há muito tempo e que não resisto a colocar-lhe: as suas ideias teriam sido as mesmas se, por hipótese, o Professor tivesse vivido, na sua vida, uma grande paixão?
            Embora se empenhe tanto em ajudar os outros com as suas ideias, eu temo que um dia, ao analisar o que foi a sua vida, acabe o Professor por ter de dizer para si mesmo:

            Eu tenho ideias e razões
            Conheço a cor dos argumentos
            E nunca chego aos corações.(6)
             
Henriette
           
            P.S.- Por favor: não deixe de responder à minha pergunta!

#

Berlim, 18 de Julho de 1785

Caro Professor Kant:

            A sua carta de 4 de Julho deixou-me sem saber o que dizer. É esse (e apenas esse...), o motivo porque demorei tanto a responder-lhe. Quero aproveitar para lhe agradecer, mais uma vez, o modo pronto e esclarecedor como tratou as minhas dúvidas. Ao logo desta nossa correspondência que agora finda, uma palavra, mais do que todas as outras, pode ser considerada a “estrela polar” do Professor Kant: o Dever! Embora eu não pense do mesmo modo, não posso deixar de reconhecer a minha admiração pela sua coerência de ideias e generosidade de propósitos.
            Para mim, meu caro Professor, a vida não se pode reduzir ao cumprimento do dever, e não acredito que ela tenha sentido sem o Amor! Será que penso assim por ser Mulher? Será que tal se deve ao meu sangue Português? Não sei responder-lhe, naturalmente. O Professor é um defensor convicto da liberdade; o mesmo acontece comigo. Mas será que falamos da mesma coisa? Para si, ser livre é desprezar as inclinações naturais e seguir o Dever. E eu, se a Natureza me tivesse concedido alma de poetisa, talvez escrevesse:

Liberdade

            Ai que prazer
            Não cumprir um dever,
            Ter um livro para ler
            E não o fazer!
            Ler é maçada,
            Estudar é nada.
            O sol doira
            Sem literatura.
            O rio corre, bem ou mal,
            Sem edição original.
            E a brisa, essa,
            De tão naturalmente matinal,
            Como tem tempo não tem pressa...
            Livros são papéis pintados com tinta.
            Estudar é uma coisa em que está indistinta
            A distinção entre nada e coisa nenhuma.

            Quanto é melhor, quanto há bruma,
            Esperar por D. Sebastião,
            Quer venha ou não!

            Grande é a poesia, a bondade e as danças...
            Mas o melhor do mundo são as crianças,
            Flores, música, o luar, e o sol, que peca
            Só quando, em vez de criar, seca.

            O mais do que isto
            É Jesus Cristo,
            Que não sabia nada de finanças
            Nem consta que tivesse biblioteca... (7)
 
           
            Até sempre, Professor Kant!

Henriette de Lemos


O EDITOR AO LEITOR

            Porfiámos em recolher das pessoas melhor informadas os pormenores mais exactos. Apesar dos nossos esforços, contudo, não nos foi possível encontrar a célebre carta de Immanuel Kant a Henriette de Lemos Herz, datada de 4 de Julho, onde se supõe que o filósofo terá respondido à seguinte pergunta: “as suas ideias teriam sido as mesmas se, por hipótese, o Professor tivesse vivido, na sua vida, uma grande paixão?”
            Infelizmente, e dado a carta ter sido extraviada, talvez nunca venhamos a saber qual terá sido a resposta do filósofo alemão a esta pergunta. Ficaremos sempre com essa dúvida. Talvez o Leitor, se for dado ao prazer da resolução de enigmas, tente por si mesmo adivinhar qual teria sido a resposta de Immanuel Kant...
            Quanto a nós, Editor, diremos apenas, parafraseando uma expressão tão do agrado do filósofo, que “o nosso dever está cumprido!”.
            Despedimo-nos, assim, do Leitor, com a esperança de que esta correspondência que agora vê a luz do dia possa ter contribuído para uma melhor compreensão do pensamento de Immanuel Kant, da sua personalidade e, também, da época histórica que o viu nascer.
            Quanto à questão de saber qual a veracidade da correspondência aqui apresentada, apetece-nos responder do modo como, provavelmente, o faria um poeta romântico: tudo o que foi aqui dito pode ser considerado absolutamente verdadeiro, principalmente aquilo que, não tendo acontecido realmente, foi por mim rigorosamente inventado...

O Editor

FIM

Notas 

(1)- Devo a “descoberta” deste bela e fascinante mulher de sangue português ao livro Antología de románticas alemanas, editado por Ediciones Cátedra, de Madrid, em 1995. Todos os dados respeitantes à vida e obra de Henriette de Lemos Herz foram dele retirados.

(2)- Este poema foi escrito em conjunto pelas (então) alunas Ana Pedro e Tânia Silva no âmbito (se a memória não me falha) de um trabalho do 10º ano na disciplina de Português, coordenado pela Professora Ana Gonzaga. A sua inclusão neste livro foi autorizada pelas jovens autoras, facto que aqui agradeço publicamente.

(3)- Goethe, J.W., Werther, Lisboa, Guimarães Editores, 1993, pág. 16

(4)- Espanca, Florbela, Sonetos, Bertrand Editora, 1978, pág. 39

(5)- Kant, Immanuel, «Resposta à pergunta: que é o Iluminismo?», in A Paz Perpétua e Outros Opúsculos, Lisboa, Edições 70, s/d, pp. 11 a 17

(6)- Pessoa, Fernando, Poesias Inéditas (1930-1935), Lisboa, Edições Ática, s/d, pág. 67

(7)- Pessoa, Fernando, Poesias, Lisboa, Edições Ática, 1995, pp. 244/245





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