Este é um blogue sobre cinema e filosofia (na sala de aula e não só). Mas também sobre música, arte, literatura, entre outras coisas que enriquecem a minha vida. Neste sentido, é também um blogue pessoal.
sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014
terça-feira, 25 de fevereiro de 2014
segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014
domingo, 23 de fevereiro de 2014
Da precedência das coisas (não necessariamente da procedência)
sábado, 22 de fevereiro de 2014
quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014
Uma deliciosa brisa das arábias: os filmes Caramel e Offside e a música de Avishai Cohen.
Caramel (França, Líbano, 2007), de Nadine Labaki |
Offside (Irão, 2006), de Jafar Panahi |
Beirute.
Cinco mulheres encontram-se com regularidade no salão de beleza Sibelle: Layale,
amante de um homem casado, sonha com o dia em que ele se separará;
Nisrine, que está prestes a casar-se mas não é virgem e não sabe como
contar ao noivo; Rima, que sente atração por mulheres; Jamale, que tem
medo de envelhecer; e Rose, que abdicou de ter vida própria para cuidar
da sua irmã mais velha. De que se falará neste salão de cabeleireira?
Irão.
Uma rapariga disfarçada de rapaz tenta passar despercebida e assistir a um jogo
de futebol da sua seleção. Mas a coisa corre mal e ela terá de se juntar a
outras raparigas também ela descobertas com o meu truque. Impedidas de assistir
ao jogo mas martirizadas por apenas ouvirem o que se passa no campo, como vai
ser quando uma delas precisar de ir à casa de banho de um estádio concebido exclusivamente para adeptos masculinos?
O
que existe de comum entre estes dois filmes? Várias coisas.
Antes
de mais, são dois excelentes filmes. Mas há mais. As personagens principais são
mulheres, embora os ambientes onde os filmes se desenrolam sejam diametralmente
opostos: um salão de cabeleireiro no Líbano e um estádio de futebol no Irão. E também o facto destas mulheres terem sonhos e anseios muitas vezes incompreendidos (e proibidos)
nos países onde vivem. Resistirão elas à discriminação de que são alvo?
O melhor é mesmo ver os
filmes e ver o que acontece. Mas, para já, sugiro um excelente tema de um
grande músico de jazz israelita que ama a música e a cultura árabes: Avishai
Cohen.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
A Rapariga que Roubava Livros: olhar para o horror a partir de um lugar seguro.
Ontem fui ver este filme e gostei. Não sendo extraordinário (muito
longe disso), é um filme agradável e particularmente adequado para uma sessão
de cinema familiar de fim de semana, como foi o caso. Trata-se de uma história
algo previsível, mas bem contada. Tem imagens fortes, a fotografia das cenas de
interiores é excelente e o guarda-roupa é verosímil.
Mas o mais interessante do filme é o facto de nos mostrar como foi
vivido o pesadelo do nazismo no dia a dia dos alemães. Mais propriamente, o
nazismo do ponto de vista de uma família alemã que com ele não se identificava.
Ou, como é referido no filme, por “pessoas que queriam continuar a comportar-se
como pessoas”. Neste aspecto, o filme faz lembrar “O Rapaz do Pijama às
Riscas”, em que o pior do nazismo é contado do ponto de vista da ingenuidade de
duas crianças, e também “A Vida é Bela”, onde um pai faz de tudo para que a
dolorosa realidade não perturbe a ingenuidade do seu filho. Também em “A
Rapariga que Roubava Livros” assistimos ao esforço para olharmos para o horror
do real de um ponto de vista protetor, de um lugar emocionalmente seguro, como
um abrigo. Ou uma cave.
Mas não há ilusões que perdurem eternamente, nem “pessoas que vivam
para sempre”, como afirma o narrador, a Morte. E, quanto a isso, o filme
mostra-nos que não é possível mantermo-nos para sempre afastados da realidade
que nos choca, ainda que nos esforcemos muito. Um dia ela bater-nos-á à porta,
robusta e incontornável, e não quererá saber se estamos, ou não, preparados
para a enfrentar.
Finalmente, o filme é também um elogio ao poder redentor das palavras
e da literatura. Nada de novo, claro, mas sempre emocionante para quem ama os
livros.
Tudo (ou quase) sobre o filme pode ser encontrado aqui.
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